A morte da brasileira Juliana Marins durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, continua gerando repercussão e indignação. Após entrevista do pai da jovem ao programa Fantástico, o turismólogo Vitor Vianna voltou a comentar o caso, apontando falhas graves na condução da atividade turística.
Segundo o pai de Juliana, o guia local a deixou sozinha no meio do trajeto para fumar, atitude que Vianna classificou como “inaceitável”. Com mais de 20 anos de experiência, o especialista destacou que é dever do guia garantir a segurança dos turistas do início ao fim da atividade, especialmente em ambientes de risco elevado como trilhas em vulcões.
Vianna ressaltou que a responsabilidade não recai apenas sobre o guia, mas também sobre a estrutura turística do local. Ele defende a necessidade de regulamentações rigorosas para atividades de aventura, incluindo credenciamento obrigatório de guias, formação técnica específica, infraestrutura de resgate e comunicação eficiente, além de responsabilização legal por negligência.
O especialista também alertou os viajantes sobre a importância de pesquisar bem antes de contratar passeios de risco, verificando a reputação das operadoras, a qualificação dos guias e os protocolos de emergência disponíveis.
Vianna ainda revelou que o histórico do vulcão Rinjani é preocupante: desde 2020, foram registradas oito mortes e cerca de 180 acidentes, a maioria por quedas e torções. O caso de Juliana expôs a fragilidade do sistema local, com uma operação de resgate que levou quatro dias e contou com drones e voluntários, evidenciando a falta de estrutura oficial.
Por fim, ele fez um apelo por mudanças estruturais e conscientização: “A vida de ninguém deve depender da sorte ou da boa vontade de um guia despreparado. Esse caso precisa ser um alerta para jornalistas, viajantes, autoridades e a indústria: não se brinca com aventura — muito menos com vidas humanas”.