Na quinta-feira, 2 de novembro, registrou-se a trágica morte de três palestinos e um israelense em confrontos ocorridos em diversas áreas da Cisjordânia ocupada. Esses fatos foram confirmados pelo Ministério da Saúde palestino e pelos serviços de emergência israelenses. No mesmo dia, o governo brasileiro realizou a repatriação de outros 32 cidadãos brasileiros que optaram por deixar a região. No entanto, os que permaneceram na área relatam uma situação extremamente crítica.
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Os 32 indivíduos repatriados chegaram à Base Aérea de Recife às 5h da manhã, em uma aeronave disponibilizada pela Presidência da República. Essa operação, denominada “Voando em Paz”, já possibilitou o retorno seguro de mais de 1.400 brasileiros desde o início do conflito entre Israel e o Hamas.
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“Os esforços do governo federal continuam para trazer os brasileiros que estão na Faixa de Gaza, bem como para que o cessar-fogo aconteça de uma vez por todas”, postou o presidente Lula no X/Twitter.
Na Faixa de Gaza, um grupo composto por 34 brasileiros continua aguardando a autorização para cruzar a fronteira com o Egito e embarcar em outro voo da Força Aérea Brasileira (FAB), que já está pronto para decolar em Cairo. Na quarta-feira, 1° de novembro, ocorreu um acontecimento significativo quando a fronteira foi aberta pela primeira vez desde o início do conflito, permitindo a saída de palestinos feridos, bem como de um grupo composto por cerca de 450 estrangeiros.
Situação crítica na Cisjordânia
Os brasileiros que continuam na Cisjordânia relatam uma situação crítica. “Tem protestos em todas as cidades, o número de mortos aqui chegou a 130 e dezenas de feridos”, disse à RFI um dos moradores da Cisjordânia que não quis ser identificado.
“Estão prendendo todos, até por um ‘like’ em um post nas mídias sociais”, diz. “Nos postos de checagem eles revistam seu celular e se você tiver qualquer foto ou mensagens que não os convêm, você é detido por eles”, conta o brasileiro.
Ele também relata que as ligações entre as cidades foram cortadas e colocaram portões de controle para limitar o fluxo das pessoas saindo e entrando das localidades. “Então a situação está muito perigosa agora aqui”, revela ele.
A Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, tem sido assolada por uma intensificação da violência desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.
Em El-Bireh, uma cidade adjacente a Ramallah, dois palestinos, com idades de 14 e 24 anos, perderam a vida, enquanto outros dois ficaram feridos nesta quinta-feira, durante uma incursão das forças israelenses, conforme relatado pelo Ministério da Saúde da Autoridade Palestina. Em Qalqilya, localizada mais ao norte, um palestino de 19 anos foi fatalmente atingido por soldados israelitas, e outros dois também sofreram ferimentos durante uma operação das Forças Armadas de Israel, de acordo com a mesma fonte.
O Exército de Israel não se pronunciou sobre as incursões na Cisjordânia. Também, na sequência, um cidadão israelense perdeu a vida nas proximidades do assentamento de Einav, localizado no norte da Cisjordânia, após seu veículo ser atacado por palestinos, de acordo com informações do Exército israelense e do Magen David Adom, o serviço de emergência israelense.
A vítima foi identificada como Elhanan Klein, um reservista de 29 anos, que estava retornando para o assentamento onde residia, conforme relatado por autoridades de Shomron, o nome atribuído por Israel à região ao norte da Cisjordânia.
Após a trágica morte de Klein, dezenas de colonos israelenses lançaram um ataque à aldeia palestina de Deir Sharaf, situada a 10 km a noroeste do assentamento de Einav, onde incendiaram empresas, destruíram plantações e danificaram carros.
Ao longo dos últimos meses, a Cisjordânia tem sido palco de inúmeras operações conduzidas pelo Exército de Israel, bem como de casos de abuso por parte de colonos contra a população palestina. Além disso, tem testemunhado ataques palestinos direcionados tanto contra colonos quanto contra as forças israelenses.
Abusos e torturas
Desde o dia 7 de outubro, um alarmante número de quase 130 palestinos perderam suas vidas na Cisjordânia devido a disparos de soldados ou colonos israelenses, conforme relatado pelo Ministério da Saúde palestino. Além disso, cerca de 1.900 palestinos foram detidos na Cisjordânia pelas agências de segurança israelenses, de acordo com informações do Clube dos Prisioneiros, uma associação dedicada à defesa dos direitos dos detidos.
Em uma declaração emitida no final de outubro, o Observatório Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos, com sede em Genebra, documentou a existência de “graves abusos e torturas” infligidos a civis palestinos que foram detidos pelas forças armadas israelenses na Cisjordânia.
A ONG relatou imagens de vídeo que mostram civis palestinos em Yatta, no sul do território, “arrastados e atacados por soldados israelenses”.
“Os civis palestinos nas imagens foram despidos, com as mãos e os pés amarrados, e parecem ter sido deixados ao ar livre durante horas”, disse o Observatório.
Washington denunciou na quarta-feira a violência cometida pelos colonos contra os palestinos na Cisjordânia, chamando-a de “incrivelmente desestabilizadora”, e instou Israel a contê-la.
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