Na sexta-feira (24/11), dois investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram destituídos de seus cargos após serem condenados pelo sequestro do filho de um dos maiores traficantes de armas e drogas do Brasil. Arnaldo Barbosa Filho e Ricardo Kochi foram presos há exatos 20 anos por extorquirem 150 mil dólares do traficante Erineu Domingos Soligo, conhecido como Pingo.
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O plano veio à tona quando a dupla de policiais utilizou o telefone do filho de Pingo para realizar a negociação. Porém, o dispositivo estava grampeado pela Polícia Federal (PF), que alertou a Corregedoria da Polícia Civil e o Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
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Naquela época, Pingo era considerado foragido da Justiça brasileira e residia no Paraguai. Ele foi apontado pela CPI do Narcotráfico, em 2000, como fornecedor de armas e drogas, colaborando com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho.
Em abril de 2003, enquanto atuavam no Denarc, Barbosa e Kochi prenderam Jonathan Wink Soligo, filho de Pingo, e Jefferson Santana de Souza, que estavam com 50 quilos de cocaína em uma lanchonete no bairro do Brás Leme.
Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, ao reconhecerem Jonathan Soligo, Barbosa e Kochi optaram por levar a dupla para um hotel e exigir um resgate pela liberdade do filho de Pingo. Inicialmente, solicitaram 250 mil dólares, posteriormente reduzidos para 150 mil dólares.
No dia seguinte ao sequestro, os policiais utilizaram um advogado da família Soligo para receber o resgate. O advogado seguiu as instruções da dupla até que o pagamento foi realizado pela janela de dois táxis em uma rua movimentada de São Paulo.
Jefferson Santana de Souza e o filho de Pingo foram liberados juntamente com os 50 quilos de cocaína que estavam em posse deles.
Barbosa e Kochi foram presos, junto com dois informantes que teriam revelado a localização dos dois homens sequestrados e recebido parte do dinheiro do resgate.
Durante o depoimento, os dois investigadores entraram em contradição. Um deles confirmou o sequestro, mas alegou que os suspeitos foram liberados em seguida. O outro afirmou que eram todos “amigos” e que decidiram ir a um hotel após passarem a noite em bares de São Paulo.
Os dois traficantes sequestrados prestaram depoimento no Mato Grosso, confirmando o sequestro, mas negando estar na posse da droga, que nunca foi encontrada.
Barbosa e Kochi foram condenados criminalmente por extorsão mediante sequestro e prevaricação. Na esfera cível, também foram condenados por improbidade administrativa, tendo que restituir os 150 mil dólares recebidos e com seus direitos políticos suspensos por 10 anos.
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